Publicado originalmente em "Silhuetas na Penumbra: Manuscritos da Criação" no Wattpad em 6 de dezembro de 2022
Não, esse capítulo não tem mensagens motivacionais ou algum relato de superação. É simplesmente um desabafo (tá, até o final do texto decido se escrevo ou não uma mensagem mais positiva).
Esteja avisado.
Em capítulos anteriores de “Manuscritos da Criação” eu relatei sobre o tal do Shadowban e como meu alcance nas redes sociais (Facebook, Instagram e TikTok) estão bem baixos. Todo e qualquer conteúdo que gravo ou crio não tem alcançado nem 5% da minha audiência. E olha que tenho gravado vídeo, reels e feito mais postagens como nunca, e não, não estou reclamando (não disso ainda), só descrevendo o fato.
Eu não queria que isso me abalasse, mas não consegui evitar. O desânimo chegou como um rinoceronte em disparada, uma manada pisoteando minha vontade de continuar para ser mais específico. A sensação que tenho é de organizar uma festa linda, cheia de drinks, comida, música...
...e não aparecer ninguém.
“Ah, então por que você não vai focar em algo mais lucrativo”? Você deve estar se perguntando. E eu também me pergunto, com mais frequência nas últimas semanas. O fato é que eu já desisti da escrita uma vez, durante longos anos, e já “pausei” minha carreira uma outra, lá em 2019. E se falar para uma sala vazia é frustrante, não falar é ainda pior.
Calma. Eu explico essa metáfora que eu acabei de inventar.
Por mais perrengue que a literatura me traga, mais frustração e dor de cabeça, tem algo no processo de escrita que não me deixa abandoná-lo definitivamente. Não, não é dinheiro. É um prazer quase masoquista sentar por horas, dias, meses, anos na frente do computador e desenvolver uma história, cenas, tramas, premissas e personagens. Okay, você tá quase falando para eu praticar a escrita terapêutica, e sim, eu já pratico (isso aqui mesmo é quase, a diferença é que estou compartilhando com você). Mas existe uma outra coisa em ser escritor que não tem nada no mundo (no meu mundo) que tenha a mesma sensação. E é você, leitor. Seu entusiasmo, feedback, você se conectar e se apaixonar com um personagem que saiu da minha mente, não tem nada que possa se comparar a esse prazer. Ego? Talvez sim, confesso.
E é por isso que luto diariamente com os fatores sabotadores para encontrar ao menos 1 leitor. Mas tem sido árduo o processo desde a minha retomada. Passar HORAS criando um post e receber 10 curtidas e nenhuma venda (tá, tá bom Rafael Otimista, poderia nem ter curtida nenhuma) e me segurar para não ir nas mesmas redes sociais que me boicotam e fazer varias postagens reclamando como não estou conseguindo alcançar mais pessoas na internet. Colocar a culpa em todo mundo, no algoritmo, no mercado atual, no modelo de consumo, ser um chatão real.
Mas, quando eu digo que “falar para uma sala vazia é frustrante, não falar é ainda pior” é justamente nesse ponto. Hoje, enquanto escrevo isso, estou tomado pela frustração de ter feito várias artes, montagem, manipulação de imagem, vídeos e o caramba desde outubro e o engajamento ser bem ruim em todos, (fora todo o trabalho – quase nunca reconhecido – de ter escrito, diagramado e feito a capa do ebook “As Crônicas dos Mestiços”), Ás vezes me pego até pensando “cara, eu devo ser um péssimo profissional, escritor e marketeiro, não é possível". Porém, isso ainda é melhor do que não ter feito nada, escrito nada, lançado nada e sentir o vazio de propósito que já senti durante muitos anos.
Hoje, eu falo para uma sala quase vazia e escrevo aqui as dores que isso me causa, mas em um futuro eu voltarei a esse texto para poder me lembrar que todo o começo é difícil, oras, até Stephen King e Neil Gaiman já foram recusados, e poder sempre me alegrar com cada pequena conquista e etapa vencida, pois quando estamos no topo fica fácil se deslumbrar e parar de dar valor ao que realmente importa.
Se eu chegarei no topo? Realmente não sei. Mas o que eu tenho certeza é que envelhecerei tentando vencer essa escalada.
Posso estar cansado agora, exausto na real, mas de um jeito ou de outro, eu sempre consigo forças para prosseguir, as vezes com passos mais acelerados, outros mais arrastados, mas sempre seguindo em frente. Persistência e amor por escrever e compartilhar essas histórias com você, leitor, que deve se chamar isso né?
Ah, como criei esse “Livro” para falar da reescrita e relançamento de Semente de Âmbar, deixa eu te contar que ainda essa semana de 05 de dezembro de 2022 terei uma reunião com a Editora Pendragon para decidirmos os próximos passos da publicação (nova capa, nova diagramação, data de pré-venda e finalmente lançamento).
Obrigado por ler até aqui.
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